Trabalhou em vários programas de televisão para crianças e é considerada uma das mais importantes escritoras portuguesas de literatura infanto-juvenil.
Alice Vieira é uma das escritoras portuguesas mais traduzidas e divulgadas no estrangeiro: várias obras suas fazem parte da seleção de obras notáveis para crianças e jovens, elaborada pela Biblioteca Juvenil Internacional de Munique.
As suas obras foram traduzidas para várias línguas, como o alemão, o búlgaro, o castelhano, o galego, o catalão, o francês, o húngaro, o holandês, o russo, o italiano, o chinês, o servo-croata
Desafiada pelos filhos, Alice Vieira escreveu Rosa, minha irmã Rosa, primeiro livro para a infância e juventude que deu à estampa e, incentivada pelo marido, concorreu ao Prémio de Literatura Infantil «Ano Internacional da Criança» (1980), que acabou por ganhar.
Alice Vieira prosseguiu assim a escrita de obras dedicadas aos mais jovens, começando em 1981 a procurar temas para alguns dos seus livros na História de Portugal. A sua escrita ficcional para crianças e adolescentes tem alternado, desde então, entre narrativas inspiradas na História (Promontório da Lua), textos que versam assuntos da atualidade – o apelo ao consumo, a influência da televisão na educação infantil – e problemas do quotidiano juvenil: a amizade, a solidão, as relações familiares, as relações entre crianças e adultos (Os olhos de Ana Marta) ou a infância em diálogo com a velhice (Às dez a porta fecha; Um fio de fumo nos confins do mar).
Alice Vieira considera-se uma escritora urbana: as suas narrativas decorrem sobretudo no ambiente social da classe média lisboeta e baseiam-se na realidade observada de perto, processo a que não é alheio o contato com autores e jovens leitores em escolas e bibliotecas públicas, para promoção da sua obra e do livro infantil em geral, e que iniciou durante a prática da sua profissão: o jornalismo.
Em 1964 a autora publicou um livro de poemas intitulado De estarmos vivos e, em 1977, o volume de contos Um nome para Setembro, literatura para adultos que só viria a retomar na década de noventa. Em 1975 passa a jornalista profissional no Diário de Notícias, onde coordenou a seção «Cultura / Arte e Espetáculos» e dirigiu o suplemento infantil «Catraio», que contava com contribuições de alunos das escolas de todo o país. Ainda no Diário de Notícias, a partir de 1981, foi responsável por uma rubrica de crítica literária infanto-juvenil – «Ler(zinho)» – e desenvolveu uma página semelhante no «Guia de Pais e Educadores» da revista Rua Sésamo.
Tendo abandonado o jornalismo ativo em 1991, para se dedicar a tempo inteiro à escrita literária, mantém no entanto colaboração regular em diversos periódicos e em revistas femininas. Utilizou a técnica da reportagem para regressar à escrita para adultos e, após afincada pesquisa, publicou em 1994 – ano em que Lisboa foi Capital Europeia da Cultura – o álbum Esta Lisboa, com fotografias de António Pedro Ferreira. Neste livro, a digressão guiada pelos locais mais célebres e pelos recantos menos lembrados da cidade, transporta o leitor a uma Lisboa em transformação, ligada ao passado pela lenda e pela história. Em Praias de Portugal, com fotografias de Maurício de Abreu, álbum produzido no âmbito da Exposição Universal de Lisboa, Expo’98, retoma o processo jornalístico que utilizara no guia olisiponense e conduz o leitor pelas povoações piscatórias e areais do país.
in Centro de Documentação de Autores Portugueses