Autor de livros para a infância e juventude e de textos poéticos, a sua obra apresenta uma grande coesão estrutural e reflete uma grande criatividade, exigindo do leitor um profundo sentido crítico e descodificador. ”Brincando” com as palavras e os conceitos, num verdadeiro trocadilho, Manuel António Pina faz da sua obra um permanente “jogo de imaginação”, um labirinto que obriga a um verdadeiro trabalho de desconstrução para se encontrar a saída.
Afirmou-se como uma das mais originais vozes poéticas na expressão pós-pessoana da fragmentação do eu, manifestando, sobretudo a partir de “Nenhum Sítio”, sob a influência de T. S. Elliot, Milton ou Jorge Luis Borges, uma tendência para a exploração das possibilidades filosóficas do poema, transportando a palavra poética “quer para a investigação do processo de conhecimento quer para a investigação do processo de existência literária” (cf. MARTINS, Manuel Frias – Sombras e Transparências da Literatura, Lisboa, INCM, 1983, p. 72).
Transmissora de valores, muita da sua obra infantil e juvenil é selecionada para fazer parte dos manuais escolares, sendo também integrada em antologias portuguesas e espanholas.
Tem ainda uma relação estreita com o teatro, tendo sido, em 1982, bolseiro do Centro Internacional de Teatro de Berlim junto do Grips Theater (Berlim). Até ao momento, foram feitas mais de duas dezenas de produções teatrais baseadas em textos seus, por várias companhias teatrais do país, tal como vários programas de ficção e entretenimento para a televisão, de que é exemplo a série infantil de doze episódios “Histórias com Pés e Cabeça”, 1979/80. Foi aliás, desde 1994, autor de vários guiões para séries de ficção para TV.
Também ao cinema a sua obra foi adaptada: por José Carvalho, em 1980 (“Uma História de Letras”, a partir de um conto de O Têpluquê); e por João Botelho, em 1999 (“Se a Memória Existe”, filme sobre o texto integral de O Tesouro). Em video está editada uma “Pequena Antologia Poética de Manuel António Pina” (1998). Foram ainda editados vários discos com textos seus musicados, nomeadamente “O Inventão”, “O Bando dos Gambozinos”, “O Beco” e “A Casa do Silêncio”.
O seu poema «Farewell Happy Fields» foi objecto de uma exposição com o mesmo nome de cinquenta desenhos de Alberto Péssimo, apresentada na Galeria Labirinto, Porto, 1992.
Organizou, prefaciou e traduziu O Homem Invisível (antologia poética de Pablo Neruda), Porto: Afrontamento, 1965; e subscreveu também, dispersas por jornais e revistas, traduções de Frei Luis de Léon, Jules Laforgue, T. S. Eliot, Paul Éluard e outros poetas.
Colaborou ou está representado nas seguintes publicações colectivas e antologias:
- Antologia da Poesia Portuguesa, Lisboa: Moraes ed., 1979
- De que São Feitos os Sonhos, Porto: Areal ed., 1985
- Sião, Lisboa: Frenesi, 1987; Poesia Portuguesa Hoje, Rio de Janeiro: Fundação da Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura do Brasil, 1993
- O Poeta e a Cidade, 2ª. ed. Porto: Campo das Letras, 1996; Cadernos de Serrúbia, nº. 2, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, Dez. 1997
- Retratos e Poemas, Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 1998
- Poemas de Amor, Lisboa: Publicações D. Quixote, 2001
- Rosa do Mundo / 2001 Poemas para o Futuro, Porto 2001 e Lisboa: Assírio & Alvim, 2001;
- Ao Porto, Lisboa: Publ. D. Quixote, 2001; Século de Ouro / Antologia Crítica da Poesia Portuguesa do Século XX, Coimbra: Capital Nacional da Cultura e Lisboa: Cotovia, 2003.
Integrou as representações oficiais da literatura portuguesa na Feira do Livro de Frankfurt (1997), no Salão do Livro de Paris (2000) e no Salão do Livro de Genève (2001). Em 1997 foi poeta residente convidado da cidade de Villeneuve-sur-Lot (França) e, em 2001, foi agraciado com a Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal do Porto.
Fez parte da carteira de itinerâncias da DGLB, na qualidade de líder de comunidades de leitores em Bibliotecas Municipais.
Manuel António Pina está traduzido e publicado em Espanha, Dinamarca e na Bulgária, com o apoio da DGLB, e recebeu vários prémios.
Em 2011 foi distinguido com o Prémio Camões.
Fontes:
http://www.wook.pt/authors/detail/id/800
https://www.publico.pt/2012/11/19/culturaipsilon/noticia/o-aniki-bobo-tal-como-o-viu-manuel-antonio-pina-finalmente-em-livro-313040